16 de jan. de 2014

Black Friday, Boxing Day e outras coisas que não nos pertencem

O primeiro arco-íris, de lindeza dupla, de 2014. 
Eu vi enquanto cumpria meu plano de corrida fora da academia (que eu cansei de pagar e não ir). 
Foi lindo, inspirador e de graça!


Olá!

Desde o Black Friday, no final de novembro, eu estou com esse assunto na cabeça, mas só agora eu consegui parar para escrever sobre os pensamentos que tive de lá pra cá, ainda mais porque um evento de liquidação na semana passada reforçou a impressão geral que eu já tinha.

Eu sou publicitária por formação, mas não me vejo usando esse conhecimento para incentivar o consumismo exagerado. Acho que a propaganda e a publicidade podem sim ser bem usadas para levar ao consumo consciente, mostrar para as pessoas que tem algo legal que será realmente bom para elas disponível no mercado.

Aí vem o Black Friday, que aqui no Brasil é uma data comercial sem sentido. Nos Estados Unidos o Black Friday é uma grande liquidação no dia seguinte ao Dia de Ação de Graças, que nós não comemoramos por aqui.

Ou seja, sai o sentido muito legal do Dia de Ação de Graças, em que as pessoas se reunem em torno da mesa para agradecer o que de bom tiveram no ano e sobra só o consumismo. E aqui a gente sempre ouve das "pegadinhas" nos preços, toda vez.

"De leve", teve lojista que tentou emplacar um Boxing Day, que é o equivalente internacional ao nosso bom e velho Saldão de Natal. Primeiro, que mal tem usar o nome de sempre? Porque ainda insistem em achar que o que é de fora é mais legal? Depois, será que estava barato mesmo?

Eu sei, eu também consumo uma porção de produtos e adoto uma porção de coisas de fora do Brasil no meu dia-a-dia, como os tecidos da Liberty, as muitas técnicas de Patchwork, as Tildas, o Furoshiki, muito em breve o Sashiko (uma técnica japonesa de bordado também usada para quilt). O que não faz com que eu queira parecer outra coisa diferente da que eu sou, entende?

Para mim, não tem festa mais bonita no Brasil do que qualquer uma das Festas Juninas, por exemplo. E eu não me empolgo nadinha em comemorar o Valentine's Day (se for pra comemorar, que seja o Dia dos Namorados em junho mesmo, sem piração) ou o Halloween. Eu acho que a gente tem que comemorar o que nos pertence, principalmente quando isso não faz a gente comprar como doidos...

Ninguém mais lembra e nem comemora o dia de Cosme e Damião, reparou? Será porque não tem espaço na mídia por não levar as pessoas a comprarem nada, no máximo um saquinho de balas?

Que adianta comprar loucamente num Black Friday e correr o risco de não receber, de pagar caro achando que tem desconto de verdade mas não tem, de comprar algo por empolgação e depois ficar jogado num canto?

A gente tem que aproveitar as modas e as promoções para comprar o que a gente realmente quer ou precisa e sabe que vai usar depois. E não levar "gato por lebre". Eu comprei um molde de uma blusa no Black Friday e comecei a fazer neste último final de semana. No momento da compra fiquei satisfeita pois comprei algo que eu queria há um tempo e sabia que o desconto era real. Pronto. No resto daquele dia eu tratei de fazer outra coisa.

Aí chegou o amigo secreto lá da Fon Fin Fan, alguns dias depois. Foi incrível. A proposta era de produzir um presente para levar na festa de encerramento do ano e sortear a pessoa presenteada na hora. Foi lindo ver pessoas com lágrimas de emoção nos olhos e com carinho enorme no olhar ao contar que fez o presente com amor e que o ano tinha sido especial. Era imensamente especial também ver a surpresa no rosto de quem ganhou e a satisfação de participar. Por essa bela iniciativa eu tiro o meu chapéu para as mestras Tati e dona Lucia.

Eu fiz o presente (que acabou indo para a Shirley) pensando que era algo que eu gostaria de ganhar e coloquei ali todo o carinho e capricho possível. Assim como eu sei que a Carolynne me presenteou da mesma forma com seu delicioso bolo. Fora o sentimento da não-obrigação de participar, sabe?

Para o Natal eu e o marido decidimos não comprar presentes extravagantes para as crianças, decidimos não trocar presentes e também presentear cada casa da família e alguns amigos com um Coração Divino. Fora que na família já temos um amigo secreto para trocar presentes de Natal e isso é mais do que suficiente.

Gastamos muito com isso tudo? Não. Foi fantástico? Com certeza.

Olha, cada um gasta o seu dinheiro do jeito que bem achar melhor, mas eu não engulo mais essas ocasiões criadas para as pessoas gastarem dinheiro sem pensar.
Fugi da correria das últimas coleções de estilistas famosos para as redes de fast fashion e não perdi nada.
Fugi das liquidações dos grandes lojistas e também não perdi nada.
Não troquei de carro com o apelo de 0% de IPI e não perdi nada.

No caso da moda, só vale a pena se estiver de acordo com o seu estilo, se for um bom achado para mostrar através da roupa quem a gente é (e não a roupa definir a pessoa). Fora que as remarcações sempre acontecem, é só ficar de olho. No caso dos magazines, se for para repor algo ou equipar em boas condições de venda a casa, ok.

Eu acompanhei por 3 dias (um dia antes, durante e um dia depois) os valores de uma máquina de overloque no Magazine Luiza, que fez uma Liquidação "Fantástica" na última 6a feira.
Sem entrar em detalhes de valores (eu já aporrinhei meus amigos do Facebook com isso, então chega, rs), o resumo da ópera era que depois da liquidação o preço final à vista era o melhor. E que o preço cheio era o mesmo da liquidação.

Os descontos foram mínimos e eu fiquei com a cara grudada no computador desde às 5h da manhã no dia da liquidação, esperando liberarem o site e esperando um belo desconto que não veio. E não comprei a máquina, mesmo no dia seguinte. Porque é muita sacanagem, com o perdão da palavra.
Eu não vou enlouquecer por não ter comprado a máquina, já me viro na costura há quase três anos sem ter uma, então eu vou continuar pesquisando.

Eu fico passada ao ler coisas do tipo:
"Quero comprar uma bicicleta ergométrica", diz Olga, que prevê também levar um notebook. "Acho que vou gastar R$ 2.000, mas pode ser muito mais. Quando eu começo a gastar, meu filho, tenho até medo de mim." (fonte)
De novo, cada um faz o que bem entender com o seu dinheiro, as pessoas que estão na fila da liquidação podem ter economizado o ano inteiro para isso. Mas... sei lá, a coisa toda está muito errada.

Eu me dei conta que não sou o público deste tipo de ação, consegui certificar isso no fim das contas.
No mesmo dia, depois de desistir desse negócio de liquidação, eu fui às lojas da região da 25 de março comprar materiais com uma amiga, já estava programado. Fui com lista preparada e praticamente não fugi dela (trouxe botões bonitos e neutros que vou acabar usando e dois tecidos a mais da lista, porque realmente valiam a pena pelo preço). Voltei satisfeita por ter trazido para casa coisas que sei que vou usar, a preços que considerei justos.

E lá na frente esses materiais vão render produções de costura que serão a minha cara e que valerão muito mais em termos de uso e identificação comigo mesma do que uma pilha de roupas escolhidas às pressas em uma liquidação só porque estavam baratas.

No fim das contas o que mais importa é que a vida segue tranquilamente quando estamos satisfeitos com o que temos e o que somos, certo?!

Beijos e muito juízo para nós todos!

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