4 de dez. de 2015

Minha primeira camisa de seda e uma viagem diferente

Olá!

Já virou um costume meu de preparar uma peça nova de roupa às vésperas de uma viagem. Pode ser um shorts vapt-vupt para passar um feriado na praia (aqui) ou uma peça mais trabalhosa como uma jaqueta bomber forrada para uns dias de férias (aqui).

Pois bem, depois de terminar a camisa que concluía uma etapa do curso de modelagem (contei neste post), comecei o desenvolvimento de uma peça destas para mim em outubro.

Primeiro construí uma base de corpo com as minhas medidas, que não ficou certa de primeira. Na segunda tentativa deu certo. Aí, na hora de costurar e provar, particularidades do meu corpo que não estavam contempladas no papel e nos cálculos apareceram: ombros caídos e a minha corcundinha (que já melhorou muito depois de fazer Pilates desde o ano passado, mas ainda existe). Algumas alterações depois, com a ajuda da mestra Angélica, eu tinha a minha base de corpo pronta para prosseguir com os trabalhos.

 

Fiz uma camisa no morin, tecido bem simples de algodão para testar o modelo da camisa. Deu tudo certo no corpo e na gola, já as mangas... Ficaram justas por conta dos meus braços gordinhos, rs!

Fui procurar uma solução nos meus livros e encontrei uma forma de aumentar o volume sem mexer na cabeça da manga no livro da Burda (já escrevi sobre ele aqui). Resolvida esta parte, tinha que escolher a manga que queria fazer: se uma manga "simples" com punho e carcela - de simples não tem nada, só é uma das mais usadas em camisas - ou se uma manga evasê para ficar franzidinha junto ao punho.

 

 

 

 

Escolhi a segunda opção e lá fui eu costurar no tecido definitivo, um crepe de seda delicado e maravilhoso da Liberty (capaz que seja o tecido mais caro que eu já tive coragem de comprar). Esta peça já faz parte das costuras que priorizei depois de pensar em uma nova paleta de cores para mim (contei sobre isso ontem - aqui).

Costurar tecidos delicados rendem o dobro de trabalho, na hora de cortar para não escorregar e na hora de costurar também. Cortei num dia e fui costurar no outro. Levei dois dias para terminar, pois fui intercalando com outras atividades "do lar", rs. Creio que 95% das etapas precisaram ter um alinhavo para manter tudo no lugar, coisa que eu não tenho preguiça de fazer. Escolher materiais e ferramentas adequadas também faz a diferença: colocar uma agulha novinha na máquina e usar os alfinetes mais delicados que tenho (os mais curtos e sem cabeça, mas com a ponta bem delicada, dá para ver aqui) para não puxar fios durante o processo.

Estava sendo uma semana muito pesada, com acontecimentos esquisitos/ruins na região onde eu moro. O clima estava pesado e eu aproveitei para me concentrar na camisa para não me deixar contagiar pelo baixo astral que estava rolando. Nem vou entrar em detalhes pois acho que não vale a pena, mas enfim, era uma semana bem estranha.

Fechei as laterais e os ombros da camisa com costura inglesa. Deixei apenas as mangas com costuras "normais", mas acho que vou fazer os acabamentos delas com viés do próprio tecido, sabe?

 
 

 

Quando eu estava quase terminando, faltava só fazer as casas e depois pregar os botões, começaram a chegar as notícias dos atentados em Paris. Eu e o marido estávamos com passagens marcadas para ir para lá dois dias depois. Lembro que parei os trabalhos para acompanhar o noticiário, lembro bem o choque enorme de ver que a casa de shows onde mais pessoas foram atingidas ficava a 700 metros do hotel que tínhamos reservado, que as fronteiras estavam fechadas.

 
Botões vintage do último Armarinho Vintage do Superziper.

Fiquei muito atordoada, pois eu e o marido amamos ir a shows de rock e imaginei que sim, eu poderia ser uma daquelas pessoas. A certeza de uma viagem tão desejada (ainda mais depois de uma semana ruim) deixou de existir naquele momento de pânico geral.

Acabei deixando o noticiário de lado para terminar a camisa, para concentrar as minhas atenções em outra coisa pelo menos por um pouco de tempo. Coloquei os botões e a minha etiqueta (o toque final) sem saber se a usaria na semana seguinte, como era o programado.

No sábado, tocamos os nossos compromissos, sem saber ainda o que fazer. À noite, fomos ao show do Pearl Jam (tá vendo? Eu e o marido estávamos num show de rock, como acontece com frequência), que foi muito emocionante por conta do que havia acontecido.

Foi bom para tirar um pouco da nossa atenção e, quem sabe, ajudar a resolver o que fazer. Quando fomos dormir, já sabíamos que o congresso que o marido iria participar estava mantido e que a companhia aérea estava com os vôos normalizados. E nós não conseguíamos decidir se iríamos ou não.

No domingo de manhã, resolvemos ir, depois de falarmos com as nossas famílias. Eles nos apoiaram na decisão de ir e saímos correndo para fazer as malas. Coloquei minha querida camisa entre as outras roupas, com o sentimento de missão cumprida, por mais estranha que fosse a atmosfera daqueles dias.

 Camisa acinturada, com mangas longas e franzidas no punho, gola com pé. 
Tudo o que eu tinha direito!

 Aqui dá pra ver bem a estampa!

Punhos fofos!

Chegamos em Paris na 2a feira pela manhã, dia em que os comércios estavam abertos e as pessoas estavam voltando a sair na rua. Sentimos confiança de tocar a viagem já que estávamos lá, com algumas modificações de última hora como evitar aglomerações de gente e ficar preparados para detectores de metal e revistas de bolsas em quase todos os lugares.

Primeiro dia, na Place des Vosges.

Eu sempre penso que as roupas que costuro tem suas histórias únicas. E essa camisa sempre vai me trazer essas lembranças de como foi gostoso e trabalhoso de fazer, também de onde eu queria levá-la, mas não quero associá-la aos acontecimentos ruins durante a execução dela. Os próximos posts serão sobre a viagem e por isso quis começar por contar o que aconteceu antes, por mais que ainda seja um pouco difícil, mesmo indo e voltando em segurança, para mim estes atentados serão acontecimentos com que dificilmente vou me conformar. Enfim, como eu sempre digo, viajar é bom, mas voltar para casa é ainda melhor!

Dias depois eu usei a camisa, logo menos mostro aqui. É uma das coisas que eu mais gostei de costurar, ainda mais por ter desenvolvido a modelagem dela!

Beijos!

2 comentários:

  1. Que bom que vocês foram em frente com a viagem. Eu quase desisti de ir à feira de Natal em Manchester com as minhas amigas no fds seguinte. Fui, mas passei o tempo todo na neurose. Fogo, né? A camisa ficou linda. Quase dá pra sentir a maciez do tecido pelas fotos... :) Não vejo a hora de ver as fotos dela em uso.

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    Respostas
    1. Oi, Patricia!
      Sim, acabou que a viagem foi tranquila e deu tudo certo, ficamos felizes por ter ido (fora que o marido foi a trabalho e deu tudo certo também).
      Eu vou postar fotos usando a camisa logo, pode deixar!
      Beijos!
      Katia

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