Finalmente estou encerrando os posts sobre a viagem de novembro, rs! Estava eu voltando para SP, já naquele clima de desconectar do lugar visitado para conectar novamente com a nossa casa quando assisti no avião o documentário Dior and I, que mostra a chegada de Raf Simons à Maison Dior em abril de 2012 e o desenvolvimento de seu primeiro desfile para a marca (num prazo de apenas oito semanas).
O que me deixou encantada:
- O processo de pesquisa do universo Dior pelo Raf Simons e sua equipe;
- O trabalho minucioso das pessoas do ateliê (veja uma entrevista com uma das costureiras chefe da Dior aqui);
- Ver cada profissional usar o melhor de suas habilidades em cada peça, que é única.
O que me deixou pensativa:
- O estilista - aliás, esta figura não é mais do estilista e sim do diretor criativo - ter que lidar com o lado criativo versus a pressão de entregar sua coleção de estreia em oito semanas. Estamos falando de alta costura, um trabalho muito manual e minucioso. Tudo tem que estar perfeito.
- O ponto de vista da parte financeira da Maison, quando a costureira chefe precisa ir até NY fazer uma prova de roupa para uma cliente importante, mas com isso o ateliê fica "pegando fogo" com a falta dela às vésperas do desfile.
- Raf deixou a Dior recentemente, em outubro de 2015, o que me fez lembrar do ótimo artigo escrito por Bruno Astuto para a revista Época (vale a pena ler, está aqui). Sim, lidar com a criatividade e a perfeição da alta costura em tempos acelerados visando grandes lucros deve ser muito complicado.
- Com tantas coleções por ano, com celebridades vestindo 10 looks em um mesmo evento (como a Jeniffer Lopez ao apresentar o último AMAs), quando é que teremos tempo para reter a informação? Como sonhar com cada pedacinho desse luxo, como tê-los gravados em nossa memóra, se está tudo cada vez mais efêmero?
Essas marcas são o que são exatamente por despertar o desejo por algo lindo, exclusivo e feito prioritariamente à mão. Lógico que os endinheirados continuarão comprando suas peças exclusivas, são eles quem mantêm as maisons tradicionais de pé, mas a que custo?
Ainda assim tem tanta coisa linda pra ver!
O vestido clarinho com flores bordadas eu vi ao vivo em uma exposição da Dior em 2013 (post aqui), foi algo lindo demais de ver.
Lá também estava exposto o tailleur da coleção Corolla, que inaugurou o New Look do pós-guerra:
E tudo tem um porquê, uma referência (como o amor de Christian Dior pelas flores, que Raf colocou tanto nas roupas quanto no cenário inesquecível do desfile).
Em dezembro foi anunciado que o time da casa (ou seja seus estilistas e costureiros) será responsável pelas próximas duas coleções, que logo devem estar nas passarelas. Tem mais sobre o assunto aqui.
Enfim, vale assistir pela beleza do trabalho de uma maison da Alta Costura e também para refletir sobre os rumos que a moda está tomando nos últimos anos!
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